Todo carnaval tem seu fim, já diria uma antiga frase... mas e o começo de todos eles, de onde vem? Aproveitando o feriado, resolvi pesquisar e trazer para vocês a origem de uma das festas mais difundidas em todo mundo, não é uma exclusividade Brasileira, mas com certeza somos a melhor referência do mercado.
O carnaval moderno teve início em Roma antiga, em uma festa denominada Saturnália. Em homenagem a Saturno (Cronos), Deus do tempo, e com os auspícios de Baco, Deus do vinho, os romanos se fartavam em enormes banquetes, bebiam e dançavam para festejar o fim do ano agrário e religioso. O evento duravam 7 dias apartir de 17 de dezembro, e o ponto alto da festa era a escolha de um "princeps" - o rei da saturnalha - a caricatura da classe nobre. Geralmente era escolhido um escravo ou prisioneiro, que naquele dia se comportava como um livre soberano, usando trajes coloridos e uma mascara engraçada. Nesse período escravos e senhores tinham os mesmos direitos, escravos não trabalhavam (ninguém trabalhava) e podiam frequentar os banquetes e festas oferecidos pelos senhores. As leis caiam por terra e ocorriam completas inversões de valores.
Já naquela época se usavam confetes, ou "confetti". Feitos de açucar, que eram jogados nas pessoas durante o evento. Também era comum visitar os amigos e trocar presentes. Durante a festividade, jogos de azar eram liberados, e evitava-se conversar sobre assuntos sérios durante a noite. Ao final do evento, o rei era morto e tudo voltava ao normal. Durante a era Cristã (ano 1) a festividade tinha o nome de Brumália.
Durante a ascensão da Igreja Católica, a pressão popular impedia o fim da festividade, que ganhou uma nova data: 40 dias antes da Pascoa. Como a Quaresma é um período de jejum e meditação, os sacerdotes permitiram a festa antes desta data, que passou a ser chamado de Carnavale (do latim: Carna Vale "Adeus à carne" ) que cunhou o termo carnaval.
Cada vilarejo fazia a seu modo, mas em particular os vilarejos da França (antiga Gália) usam máscaras (herdadas dos teatros gregos), elegiam um rei para festividade, usavam fantasias e organizavam desfiles. Já nessa época a Figura do Rei Momo brincava em meio as aldeões. Momo (reclamação) era filho da Deusa Grega Nix (filho do sono e da noite), foi expulso do Olimpo (Morada dos Deuses) porque tinha como diversão ridicularizar as outras divindades.
Os Portugueses organizavam festas conhecidas como "Entrudo", onde era comum os participantes atirarem agua, farinha e ovos uns nos outros. Era uma festa ligada ao sentimento de liberdade. O Entrudo chega ao Brasil em meados do século XVII. Com a mudança da corte Portuguesa para o Rio de Janeiro, tentou-se reorganizar a festa carnavalesca no Brasil com a importação dos bailes de máscaras parisienses e os cortejos de carros enfeitados, tudo em vão.
Em finais do século XIX, toda uma série e grupos carnavalescos ocupam as ruas do Rio de Janeiro, servindo de modelo para as diferentes folias. Nessa época, esses grupos eram chamados indiscriminadamente de cordões, ranchos ou blocos. Em 1890, Chiquinha Gonzaga compôs a primeira música especificamente para o Carnaval, "Ô Abre Alas!". A música havia sido composta para o cordão Rosas de Ouro que desfilava pelas ruas do Rio de Janeiro durante o carnaval. Os foliões costumavam frequentar os bailes fantasiados, usando máscaras e disfarces inspirados nos baile de máscaras parisienses. As fantasias mais tradicionais e usadas até hoje são as de Pierrot, Arlequim e Colombina, originárias da "commedia dell'arte" (também conhecido como: Commedia All’improviso” e “Commedia a Soggetto" era uma forma de teatro popular improvisado, que começou no séc. XV na Itália, em contraponto ao teatro erudito).
Na frança, mais precisamente no vilarejo de Nice, iniciou-se uma brincadeira baseada no confete Romano, que se chamava "Batailles des Fleurs" (batalha das flores), no momento em que dois carros enfeitados se cruzavam, os participantes atiravam buques de flores e papeis uns nos outros, uma brincadeira só para mais abastados. Em 1892 surge em Paris o confete de papel como é conhecido hoje. Na mesma época, o Rio de Janeiro, recebendo a notícia do confete, atrasou seu carnaval para julho, apenas para receber os carregamentos de papel para a festa.
Dai em diante, o carnaval foi tomando a forma e a grandeza que tem nos dias de hoje, mas apesar de tudo isso, o mais impressionante não é perceber que algumas cidades do Brasil ainda guardam velhos costumes, mas sim, que todos nós mantemos algo que tem origem em pelo menos, 3.000 anos atrás.
Abraços!