17 de set. de 2012

Acessibilidade Cultural


Edward B. Tylor, antropólogo inglês do século passado, descreve a cultura como: "O todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade. Nos dias de hoje, nossa própria cultura estabeleceu uma ligação muito intima da palavra cultura, com a arte e o conhecimento que é produzido e difundido em nosso meio. Mas todos temos acesso a nossa cultura?

A palavra "acesso" engloba basicamente três aspectos: Primeiro o financeiro, a possibilidade de investir tempo e dinheiro neste tipo de necessidade. Depois o cultural, o real entendimento da proposta , a percepção da cultura e a absorção do conteúdo cultural, e por último e não menos importante: A infra-estrutura.

De nada adianta, você ter tempo e dinheiro, saber que é importante, se é impossivel chegar até o local, ou as dificuldades são maiores do que o "benefício". E isso acaba afastando público, gerando prejuízo cultural e financeiro para o município. Se para o público em geral, uma casa de show com estacionamento faz toda a diferença, imagine o quão importante é uma simples vaga para deficientes para quem realmente precisa dela.

Neste post não vamos entrar no debate financeiro, nem mesmo no cultural, isso renderia posts próprios. Hoje vamos falar sobre uma preocupação recorrente: A acessibilidade física. É um direito humano, o livre arbítrio de ir e vir. Mas quando se tem dificuldade de locomoção este direito por vezes cai por terra, na dificuldade de encontrar vagas de estacionamento para deficientes, na falta de rampas e de poltronas especiais e principalmente, na falta do treinamento adequado de funcionários, sem falar é claro, da falta de sensibilidade de algumas pessoas.

Infelizmente, a realidade ainda não é perfeita, mas algumas iniciativas estão começando a trazer esperanças de mudança de pensamento e de comportamento, tanto da população, como do governo, e podemos ver isso em projetos como o Instituto Mara Gabrilli, que lançou um "Guia de Acessibilidade Cultural de São Paulo". Neste guia, a instituição avaliou e ainda avalia, muitos pontos culturais de São Paulo, disponibilizando o resumo de cada avaliação no site: http://acessibilidadecultural.com.br.

O critério para seleção dos equipamentos que receberam destaque no Guia foi construído com base no equilíbrio e ponderação entre a oferta de acessibilidade física dos espaços, do acesso à informações, da mediação para o público com deficiência e das propostas inclusivas desenvolvidas pelo local. Cada item avaliado pelos pesquisadores recebeu uma pontuação de acordo com o nível de acessibilidade oferecido. Os equipamentos mais acessíveis, os de maior nota, ganharam mais espaço para destacar os recursos oferecidos.

Essa classificação foi escolhida para dar reconhecimento aos locais que já priorizam o acesso a essa parcela de paulistanos que tem direito de ir e vir, de assistir a um filme, compreender uma peça de teatro ou ainda ter contato com o patrimônio cultural da cidade. Esses são direitos assegurados por lei a mais de 1,5 milhão de paulistanos com deficiência. - Trecho retirado do site

A Revista Época São Paulo produziu uma matéria muito boa sobre a Acessibilidade na cidade, em que são levantados pontos importantíssimos onde as cidade precisam mudar, e exemplos a seguir. São este tipo de inciativa que nos ajudam a avaliar e repensar nosso ambiente, que muitas vezes é aversivo até mesmo as pessoas que não tem nenhum tipo de deficiência.

Também não podemos esquecer que nossa sociedade está envelhecendo, o número de idosos cresce e com eles, a necessidade de repensar o ambiente, a necessidade de implementar mudanças para que todos nós (sim, eu e você também!) possamos continuar integrados na cultura e na sociedade após nossos "joelhos não funcionarem tão bem", isso será vital para os mais de 32 milhões de idosos que São Paulo terá em 2025. 

Ainda temos um pensamento "antiquado" quando o assunto é acessibilidade da terceira idade. Vamos falar a verdade, não são equipamentos de esporte em parques, nem mesas de cimento para dominó é que irão melhorar a qualidade de vida da terceira idade. Mas sim um plano arquitetônico novo, uma engenharia voltada para a necessidade e uma cultura preocupada com o valor que nós mesmo teremos em alguns anos. O quanto que calçadas irregulares, escadas mal posicionadas e um mal aproveitamento do espaço não atrapalha a vida cotidiana? 

Um grande abraço!

fontes: